As TransBonitas
Este livro foi o mais difícil de escrever do ponto de vista técnico. Talvez por essa dificuldade se tenha tornado o meu "maior feito" literário.
As TransBonitas foi capaz de concretizar dois desejos meus, do ponto de vista da literatura. Por um lado, sempre quis uma oportunidade de dar algo à comunidade LGBT+, uma forma simbólica de agradecimento que, no fundo, é o reconhecer da relevância desse movimento ativista na vida que hoje podemos ter. Por outro lado, era um sonho (no sentido de uma ambição minha), escrever um poema épico, com uma estrutura clássica. De certa forma inspirada em Os Lusíadas. Mas com uma estrutura inversa, que talvez revele ironias políticas.
Provavelmente, é o livro mais político que alguma vez farei. Digo político no sentido ativista do termo. Uma ideia muito forte na minha cabeça, por exemplo, era a de querer mostrar a história LGBT+, que é tão rica e importante. É uma história de momentos difíceis, de muita luta de gente corajosa e que, durante anos, foi escorraçada da sociedade e viveu nas sombras. Eu ainda acho maravilhoso dedicar um poema épico a essa gente que se levantou do chão. Para um poeta como eu, esta era a melhor forma (e, pelo método, a mais honesta) de fazer este reconhecimento.
E, contudo, não deixa de ser um longo poema, com as minhas reflexões de poeta sobre a vida, a humanidade, o nosso posicionamento no universo. E acho que é por esses momentos reflexivos que tenho mais carinho - Bem entendido, o maior desafio poético da minha vida foi filosofar livremente em rima e métrica certa. Conseguida essa capacidade, há uma relação nova com as palavras, que por si só já vale a pena.
Demorei apenas um ano a escrever este livro, pode parecer pouco tempo para um poema tão difícil. No entanto, demorei uns seis anos a experimentar poesia (nas suas diferentes maneiras)até me sentir capaz de começar este projeto em concreto (com vinte e um anos).
Francisco Pascoal
10 de Abril de 2020
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